Se você tem tontura ou vertigem frequentes, náuseas, zumbido no ouvido e desequilíbrio e recebeu o diagnóstico de labirintite, tenho uma notícia para te dar: provavelmente, você não tem labirintite.
E por que eu afirmo isso? Porque a labirintite é uma doença rara e de diagnóstico difícil. Até mesmo especialistas no assunto viram poucos casos de labirintite verdadeira.
Labirintite é a inflamação do labirinto causada por uma bactéria ou vírus ou por toxinas desses patógenos, que podem chegar ao labirinto por duas vias principais: pela infecção do ouvido (otite ou mastoidite) ou pela infecção do líquido do cérebro (meningite). Os sintomas são perda auditiva significativa e vertigem de forte intensidade.
Apesar disso, o termo labirintite é utilizado de forma leiga para se referir aos sintomas de tontura, vertigem e zumbido (já está na boca do povo). O problema é que, quando usamos esse termo para nos referir a esses sintomas, deixamos de diagnosticar outras doenças mais comuns (do labirinto ou não), e deixamos de realizar o tratamento adequado.
A causa mais comum de tontura é a VPPB (vertigem posicional paroxística benigna), que ocorre quando os cristais do labirinto se desprendem e provocam vertigem de curta duração aos movimentos da cabeça. Com isso, a pessoa tem a sensação de que está tudo rodando, principalmente em movimentos como deitar, virar de lado na cama ou olhar para cima ao procurar um objeto no armário mais alto. O diagnóstico é feito por meio de manobras, em que o médico coloca o paciente em determinadas posições que estimulam o labirinto e observa o movimento dos olhos e o sintoma apresentado. Feito o diagnóstico, o tratamento é realizado por meio de manobras de reposicionamento: o médico coloca o paciente em diversas posições, que vão promover a migração dos cristais para o local de origem dentro do labirinto.
Outra causa bastante comum de tontura é a Migrânea Vestibular (ou enxaqueca do labirinto). Esse tipo de tontura pode ser do tipo rotatória, sensação de flutuação, sensação de cabeça vazia ou pisar em ovos, entre outras, e está relacionado à dor de cabeça, na maioria das vezes. Ela pode ser desencadeada por períodos de stress, sono irregular, alguns tipos de alimentos, como chocolate, café, queijos amarelos e bebidas alcoólicas e é muito comum aparecer no período pré-menstrual em mulheres em idade fértil. O tratamento dessa doença é completamente diferente do tratamento nos casos de VPPB. Aqui, o importante é evitar os fatores desencadeantes, associar medicação quando necessário e reabilitação vestibular com um profissional experiente (fonoaudiólogo ou fisioterapeuta).
Além dessas, destaco a Doença de Ménière (uma doença em que o aumento do líquido do labirinto pode gerar vertigem com duração de horas, sensação de ouvido tampado, zumbido e perda auditiva), a TPPP (Tontura Postural Perceptual Persistente - muito relacionada aos quadros de ansiedade), as tonturas metabólicas (causadas por alterações da glicemia ou alterações hormonais) e até mesmo doenças neurológicas que podem provocar tontura (AVC, esclerose múltipla, Doença de Parkinson, etc).
Por isso, chamar qualquer tontura de labirintite atrasa o diagnóstico e tratamento corretos. Fique atento e busque ajuda médica!
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